Os símbolos
existem para representar algo ou alguém. Uma bandeira de um país, por exemplo,
com seu desenho e suas cores representam aquela nação. No entanto, alguns
símbolos com o passar do tempo, perderam o seu significado original, ou foram
substituídos por outros, e assim por diante.
Essa verdade é
bem real quando pensamos na páscoa bíblica e seu significado. Hoje, infelizmente, até mesmo no meio cristão,
temos símbolos mundanizados que representam a páscoa moderna. Vinho, peixe,
ovos e coelhos de chocolate, pão em formato de Jacaré, são alguns símbolos que
representam a páscoa atualmente mundanizada.
Todavia, para o
povo de Deus que tem a Bíblia como a Escritura inspirada, só existe um símbolo
representante que aponta para o real significado da páscoa: O Cordeiro. Apesar
do mundo tê-lo substituído por algo mais bonitinho e atraente, é responsabilidade
dos filhos de Deus, preservar o cordeiro como o único símbolo que aponta
verdadeiramente para Cristo. Não somente preservar uma imagem, mas meditar e
anunciar as implicações disso.
Uma implicação de Cristo ser
o nosso Cordeiro de Páscoa é que somos libertos do Juízo do Pecado. O cordeiro na primeira
páscoa possibilitou ao povo de Israel, não sofrer os efeitos danosos da décima
praga, que Deus estaria enviando para punir os deuses do Egito.
Desde o início, Deus
havia advertido o faraó por meio de Moisés que ele teria que deixar Israel, seu
primogênito ir, caso contrário, Ele mataria o primogênito de faraó, conforme
Êxodo 4.22-23.
Como Faraó não creu em
Deus, e muito menos deixou o povo ir, Deus enviou a Praga dos Primogênitos.
Porém, diferente das outras, essa praga iria também atingir o povo de Israel.
Por isso, Deus estabeleceu a Páscoa. A celebração da Páscoa iria livrar o povo do
juízo de Deus sobre a nação incrédula do Egito.
Quando observamos Êxodo
12 onde encontramos o relato da Páscoa. Nos versos 1-4, Deus orienta ao povo
sobre a data, o mês e o cordeiro para a celebração da páscoa. Nos versos 5-8
Deus fala sobre a perfeição do cordeiro, o horário do sacrifício, as portas
marcadas com o sangue, e a refeição de carne assada, pães e ervas amargas. Nos
veros 12-14, Deus mostra o que iria fazer naquela noite. Naquela noite o Senhor
passaria pela terra do Egito, e feriria todos os primogênitos, do homens e
animais. Deus executaria o juízo sobre os deuses do Egito.
Notem que a páscoa tem
um contexto de punição, de julgamento, uma ocasião quem que Deus estaria
derramando sua ira sobre a nação rebelde do Egito.
No entanto, para o povo
de Israel, Deus, conforme o verso 13, o sangue do cordeiro nas portas das
casas, seria o sinal, para que quando o Senhor passasse executando o seu juízo,
aquele sangue seria um sinal, de que alguém já havia morrido no lugar do
primogênito.
Páscoa significou isso: o
Senhor passaria por cima da casa dos israelitas que havia sacrificado o cordeiro
e passado o seu sangue nas suas portas, impedindo que o poder destruidor
executasse aqueles primogênitos.
Todos os israelitas que
acreditaram na Páscoa, tiveram seus filhos primogênitos salvos. Eles
desfrutaram da liberdade por exercerem fé naquilo que Deus havia estabelecido.
Qualquer israelita ou mesmo egípcio que não confiou na morte substituta do
cordeiro, naquela noite, quando o Senhor passou, teve seus primogênitos mortos.
Observe o versículo 12.29: “Aconteceu que, à meia-noite, feriu o SENHOR todos os
primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se assentava
no seu trono, até ao primogênito do cativo que estava na enxovia, e todos os
primogênitos dos animais”.
Nesta história, aprendemos que o principal personagem
da Páscoa foi o cordeiro, sua morte substitutiva, seu sangue marcado nas
portas, possibilitou o livramento do povo de Israel da praga destruidora.
A grande verdade é que em todo o Antigo
Testamento, a morte do cordeiro sempre significou o livramento daquele que o
sacrificou. Quer dizer, o cordeiro estava sendo morto no lugar de seu dono. No
episódio da provação de Abrão em sacrificar Isaque quem morreu no seu lugar? Um
cordeiro. Deus providenciou um cordeiro para substituí-lo. Foi assim que Deus
estabeleceu.
No entanto, observamos várias passagens que nos
mostram que um dia esse sacrifício seria substituído. Temos várias evidências
que apontam para a temporariedade desse tipo de sacrifício. Apesar de ter sido
estabelecido por Deus, ele apontava para algo que viria no futuro.
Pois o autor de hebreus em 10.4 diz: “é impossível que
o sangue de touros e bodes remova pecados”. Os sacrifícios do Antigo Testamento
apontavam para algo maior e perfeito que seria realizado no futuro.
Ainda mesmo em Isaias 53 temos uma descrição do
Messias como servo, ele é comparado a um cordeiro, que daria a sua alma como
oferta pelo pecado. (Observem os versos 7,10-11.)
O próprio Deus o moeu recebendo a sua vida como oferta
pelo pecado, para que através de sua morte, muitos fossem justificados, pois
ele estaria levando suas iniquidades.
Essa é a figura que Isaías transmite para o povo de
Israel. Um servo como cordeiro, justificando, levando sobre si, e para longe as
iniquidades de todos os que creriam no seu sacrifício substitutivo.
Por seis vezes encontramos a expressão sobre si,
fazendo alusão aos cordeiros que levavam o pecado sobre si, e por isso,
morriam. E como no dia da Expiação, aqueles dois cordeiros, um morto, e o outro
mandado para longe, carregando os pecados do povo.
Todavia, o servo Cordeiro do Cântico de Isaías, não
encerraria a sua missão com a morte, como todos os outros cordeiros faziam. Apesar
de ter derramado sua alma na morte, Ele continuaria vivo, e receberia os
despojos do fruto do seu penoso trabalho, e teria dias e uma posteridade
prolongada.
Esse era o Cordeiro, que Israel deveria esperar, na
verdade o super Cordeiro, que resolveria de uma vez por todas o problema do
pecado. Por isso, quando João Batista avistou Jesus ele diz: “Eis o
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo1.29).
Quando João viu Cristo,
percebeu a consumação de todo o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento. O Cordeiro
perfeito chegou, esse sim, tirará o nosso pecado, pois ele é o Cordeiro que
Deus preparou.
João Batista entendeu
perfeitamente, e por isso se tornou seu precursor, preparando o caminho para
Jesus, pregando sua primazia, sua divindade, anunciando um batismo de salvação
através de Jesus Cristo.
Foi essa mensagem que
Filipe explicou para o Eunuco, oficial da rainha dos etíopes. Qual passagem ele
estava lendo? Isaías 53.7. Em Atos 8.32 encontramos esse relato. A pergunta do
eunuco, era se o profeta estava falando dele mesmo, ou de outra pessoa. A
partir daquela passagem Filipe anuncia Jesus levando-o a fé no Cordeiro, o
verdadeiro Filho de Deus.
O apóstolo João em
Apocalipse 5, descreve uma visão aterrorizante do livro selado com sete selos,
e do Cordeiro. Nesta visão, no verso 2 um anjo pergunta quem era digno de abrir
o livro e desatar os selos, mas não havia ninguém, e por isso, João tomado de
pânico chorava muito.
Até que um anjo consola
João dizendo que o Leão de Judá venceu para abrir os selos. O interessante é
que João não vê um Leão, mas sim um cordeiro. (Ap 5.6-14).
5
Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá,
a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. 6 Então, vi, no
meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro
como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os
sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. 7 Veio, pois, e tomou o livro
da mão direita daquele que estava sentado no trono; 8 e, quando tomou o livro,
os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro,
tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos, 9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o
livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste
para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso
Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. 11 Vi e ouvi
uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos,
cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, 12 proclamando em
grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e
riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. 13 Então, ouvi que
toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e
tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro,
seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. 14
E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e
adoraram.
Isso é páscoa, Jesus o Cordeiro
que foi morto, e que através do seu sangue comprou para Deus as pessoas que
creram no seu nome.
A Páscoa inicialmente livrou
o povo de Israel da praga destruidora, e como consequência disso, o povo também
foi liberto da escravidão do Egito. Por isso, a Páscoa deveria ser uma festa
celebrada em todos os anos da história do povo de Israel.
Todos os anos, eles
lembrariam que o sangue daquele cordeiro livrou-os da destruição de todos os
seus primogênitos, e pôs um fim na escravidão do Egito.
Para nós, que estamos
vivendo na presente era, a Páscoa simboliza nossa salvação do poder destruidor
que o Senhor executará no dia do Juízo. Um dia, o Senhor executará o seu juízo
sobre o pecado, punirá todos os deuses das nações. No dia do Senhor, todo joelho
irá se dobrar diante de Cristo, e toda língua confessará que Jesus é o Senhor.
Esta salvação só é
possível porque o próprio Deus enviou o Cordeiro perfeito para morrer em nosso
lugar. Jesus nos substituiu na sangrenta e dolorosa cruz. Com a sua morte recebemos
a vida, e com o seu sangue derramado temos o total livramento da ira vindoura. Isso
é a nossa páscoa.
A Páscoa, embora aponte
para nossa salvação, ele também nos lembra da condenação, pois assim como no
Egito o Senhor passou e o seu juízo executou sobre os deuses egípcios, um dia Ele
ainda passará, seu juízo exercerá, sobre todos aqueles que o sangue do Cordeiro
Jesus Cristo, vieram a desprezar.
Por isso, precisamos nos
avaliar e refletirmos sobre a nossa vida com Deus, se realmente entendemos o
verdadeiro significado da páscoa, ou estamos com a nossa mente confusa com a páscoa
mundanizada de nossa época.
Francisco Soares Teixeira Júnior