sábado, 31 de dezembro de 2016

Cuidados com Ano Novo




É bem comum quando se finda mais um ano na história da humanidade, olharmos para trás e avaliarmos o que fizemos durante aquele ano que se passou. Ao percebermos que muitas realizações não foram concretizadas ou mesmo não foram feitas como queríamos, fazemos uma lista de novos sonhos para mais um ano que está prestes a chegar.
Contagiados pelo calor e a euforia que o ano novo proporciona, momento em que nossos sentimentos estão aflorados por mais um ano na história da nossa vida, com toda determinação traçamos nossas metas e objetivos com o firme propósito de cumpri-los com a ajuda do ano novo.
No entanto, apesar de toda a beleza e emoção que o ano novo traz, precisamos entender três verdades sobre os votos para o ano novo: a primeira é cuidado com as desculpas do amanhã. Amanhã farei assim, no próximo ano serei diferente. Quando deixamos para efetuar as mudanças somente depois, estamos nos enganando, massageando nosso ego pecaminoso que é avesso a qualquer mudança para melhor em nossa vida.  Por exemplo, se meu propósito para 2017 é emagrecer, devo começar a comer menos já no jantar de ano novo, caso contrário, todos os dias usaremos a desculpa do amanhã.
A segunda verdade é cuidado com a "magia" do dia. É muito notável que o efeito do ano novo dura apenas um dia, depois que os fogos se apagam e os cumprimentos se vão, um ano novo se inicia fadado a ficar velho a partir do primeiro segundo de sua existência. Então um dia apenas de determinação e empolgação não é suficiente para durar o ano todo, e se colocamos nossas esperanças apenas na magia do dia, com certeza será mais um ano de fracassos.
A terceira verdade é cuidado com a ilusão da vida nova. Uma das frases que sempre ouvimos é: Ano Novo, Vida Nova . Porém, sabemos que a passagem de um dia para o outro não produz vida nova em ninguém. Sabemos que o término de um dia e o início de outro é comum e todos os dias acontece do mesmo jeito durante toda a história do mundo. O ano pode até ser novo, mas se os corações forem velhos, nada de novo acontecerá, e a caducidade dos nossos corações estragará a novidade de mais um ano.
Por isso, o nosso ano só poderá ser novo se nossos corações forem novos. Para isso, temos a promessa de Deus em Ezequiel 36.26 e 27.
Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.
Um ano Novo só será realmente novo se recebermos de Deus um novo coração. Um coração renovado por Cristo e disposto a obedecer aos seus mandamentos.
Feliz novo coração para esse novo ano.
Francisco Soares Teixeira Júnior

sábado, 23 de julho de 2016

As confissões de Jó





Todos conhecemos a história de Jó, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. Sabemos que de maneira inesperada sua vida, em uma linguagem popular, virou o avesso. Pois, em um só dia Jó passou de um homem abastardo de bens materiais, a um homem pobre no pó e na cinza; de uma família grande com muitos filhos e bem sucedida, para apenas uma esposa blasfemadora; de um homem de grande prestígio social, e muitos familiares, para atenção de apenas três amigos acusadores; de um homem pleno em saúde para alguém com um corpo cheio de chagas.
Acredito também que todos sabemos do final da história de Jó, de como Deus o abençoou grandemente, corrigindo a teologia errada dos seus amigos e os fazendo seus intercessores, restaurando o seu relacionamento familiar, restituindo seus bens e lhe dando novos filhos e filhas, e ainda, uma oportunidade de ver quatro gerações de sua família e morrer velho e farto de dias.
Esta é a história de Jó que costumamos conhecer. Mas entre o avesso e o desavesso da vida de Jó muitos fatos importantes aconteceram. Por exemplo, você já ouviu falar nas confissões de Jó? Esta é a parte da história de Jó pouco conhecida que estou chamando: As confissões de Jó.  
Estas confissões estão registradas no capítulo 42 de seu livro. Ele confessa várias verdades sobre Deus e sobre ele mesmo, mas resumindo, poderíamos dizer que a confissão principal de Jó foi:  Eu não conhecia Deus.
Com “Eu não conhecia Deus”, não estou dizendo que Jó não sabia nada sobre Deus, seu poder, seus atributos, sua grandeza e soberania, ou mesmo que ele era um incrédulo pagão. Na verdade, os capítulos anteriores mostram que Jó, para sua época, de fato tinha um grande conhecimento teológico sobre Deus, sobre sua criação, sua justiça.
Todavia, nas palavras de Jó, há um conflito entre o que ele sabia sobre Deus, e o que ele concluía das circunstâncias que estava enfrentando. Jó vivia um momento de grande tensão, entre as verdades sobre Deus, e a realidade em sua vida.
O não saber o porquê da sua condição de vida, o levou a desconhecer a Deus. A falta de respostas aos porquês de Jó, e as conclusões precipitadas e erradas, criaram uma tensão entre o que Jó sabia sobre Deus, e o que ele cria diante de sua atual condição de vida.
Mas o que aconteceu na vida de Jó que mudou sua visão de Deus? O que aconteceu para que as nuvens escuras da falta de fé desaparecessem? O que houve para que Jó reconhecesse a sua falta de conhecimento de Deus? O que aconteceu? Será que Deus respondeu aos porquês de Jó? Será que Deus explicou “tintim por tintim”, que tudo o que aconteceu com ele não era por conta de seus pecados, e nem por Deus está com raiva ou distante dele, mas por que o Diabo tinha duvidado da sua integridade, e as provações foram permitidas...
Foi isso que Deus fez? Não. Deus não deu nenhuma resposta a Jó. Não explicou nada da razão do seu sofrimento, e muito menos respondeu aos seus porquês. Na verdade, talvez Jó, nunca tenha sabido de fato o porquê tudo aconteceu com ele.
Deus não lhe deu resposta nenhuma, pelo contrário, exigiu respostas a Jó.  Por exemplo, no capítulo 38, Deus falou com Jó perguntando: quem é este que com sua falta de conhecimento escurecia os seus desígnios?
Deus faz várias perguntas a Jó que são incapazes de terem respostas, todavia, observe que não foram as perguntas sem respostas que mudaram a visão de Jó, porque pergunta sem repostas sobre Deus ele já tinha muitas, mas foi o fato da ação soberana da graça de Deus em se revelar a Jó.
Deus na sua infinita graça e misericórdia, sem nenhuma obrigação, revelou-se de modo soberano e poderoso ao seu servo Jó, não respondendo aos seus questionamentos, mas fazendo-lhe perguntas que jamais seriam respondidas, e que estas perguntas sem respostas, satisfizeram a sua alma, e o levou a conhecer um Deus antes desconhecido por ele. 
Jó não teve resposta ao questionamento de Deus. Apesar das várias perguntas feitas por Deus e da falta de resposta, Deus faz mais uma série de perguntas a Jó, e no capítulo 42, novamente Jó se pronuncia respondendo ao Senhor, fazendo uma belíssima confissão. O que tenho chamado de a confissão de Jó, que resumi, eu não conhecia Deus.
Bem sei que tudo podes. Jó agora conhece um Deus poderoso, que pode fazer todas as coisas, que não deve ser questionado por ninguém, que não deve respostas a ninguém, e que ninguém é capaz de sair livre em uma audiência com Ele. (42.2)
... e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Jó reconhece que Deus tem vários planos, e nenhum sequer deles será frustrado. Jó reconhece que nada nesta vida foge do controle soberano de Deus, que Ele comanda todas as coisas e que tudo acontecerá de acordo com sua vontade soberana. (42.2)
...falei do que não entendia. Jó reconhece sua falta de entendimento e conhecimento, e de como isso atrapalhava seu relacionamento com Deus. (42.3)
...coisas maravilhosas demais para mim. Jó reconhece um Deus que realiza coisas maravilhosas, fatos extraordinários que só competem a Ele, que somente Ele é capaz de realizar. (42.3)
... e tu me ensinarás. Jó reconhece que deveria escutar e aprender de Deus. (42.4)
... eu te conhecia só de ouvir. Jó reconhece que conhecia Deus só de ouvir, mas que agora desfruta de um relacionamento íntimo e pessoal. (42.5)
... Por isso me arrependo. Jó reconhece o quanto errou e por isso está arrependido. (42.6)

Diante de todas estas verdades sobre Jó gostaria de destacar algumas lições.
Deus tem um plano eterno que inclui todas coisas.
Deus não é obrigado a responder os nossos porquês.
Mesmo os filhos de Deus sofrem as desventuras desta vida.
Nem todo sofrimento dos filhos de Deus é resultado dos seus pecados.
Centralizar nossa vida nos porquês pode obscurecer nosso conhecimento de Deus.
Conhecer a Deus é muito mais do que decorar a Bíblia, é vivê-lo no dia a dia.
Quando sua vida estiver do avesso, saiba que Deus pode desavessar.
 Às vezes, para conhecermos melhor a Deus, precisamos sofrer as desventuras da vida.


terça-feira, 21 de junho de 2016

O Crente e o São João



No mês passado, em maio, um membro de nossa igreja me perguntou: “É errado comemorar festas juninas?” De imediato dei minha resposta, mas antes de declará-la, gostaria de trazer algumas informações para aqueles que, porventura, estejam com dúvidas sobre esse assunto.
A Festa de São João, hoje conhecida como “a mais brasileira das festas”, não nasceu em solo nacional. Sua origem remonta às celebrações pagãs, anteriores ao Cristianismo, realizadas no solstício de verão – 21 de junho, no Hemisfério Norte – em que se comemorava a colheita. “Com a expansão do Império Romano e a consequente disseminação do Cristianismo, as celebrações pagãs foram revestidas pelo manto da Igreja Católica, tornando-se festas de santos. A de São João foi uma delas”, explica Maria Celeste Mira, antropóloga da PUC-SP, especializada em cultura popular.
Trazida ao Brasil pela Corte portuguesa, a Festa de São João, que na Península Ibérica tinha e ainda tem um caráter mais devocional, sofreu um processo de aclimatação. Ganhou elementos simbólicos, que lhe deram um ar dramatúrgico. A quadrilha é um exemplo. “Derivada da dança da nobreza cortesã francesa – há referências disso na quadrilha, como as expressões anarriê, anavantu -, ela não existe nas festas de São João em outros lugares do mundo”, afirma Edson Farias, sociólogo da Universidade de Brasília (UnB). O mesmo acontece com o casamento caipira, que reforça a ideia de regionalidade. “Marcadamente, há uma cena tradicional nordestina: o pai é uma espécie de coronel, o noivo é um caipira, roceiro, sertanejo, mas também é um malandro; a noiva representa a virgem, e o pároco remete à figura do Padim Ciço”, explica Farias. Os folguedos, segundo ele, servem para integrar a população que, em vez de ocupar uma posição passiva, de espectadora, participa, fazendo a festa.
De acordo com Elizabeth Christina de Andrade Lima, antropóloga da Universidade de Campina Grande, especializada em festas populares brasileiras, o São João teve início no Brasil como um evento privado. “Os senhores de engenho montavam a festa e convidavam amigos e agregados”, diz. As celebrações foram crescendo – de uma comemoração familiar passou a ser da comunidade – até se tornarem públicas.
A festa era muito forte no País inteiro, mas recuou nas demais regiões. “No Nordeste, ela se aliou a elementos que lhe deram suporte, por exemplo, o forró. Além de contribuir para a definição de uma identidade regional, passou a ser um produto musical concorrido a partir do sucesso de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Marinês”, explica Farias. Ele afirma que, no final dos anos 1980, com uma redefinição da política nacional de turismo, mais descentralizada e com a ideia de potencializar recursos locais, as festas de São João – que na verdade representam todo o ciclo junino – se tornaram o principal foco de atração turística de muitas cidades nordestinas, como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE).
(GIANNINI, Deborah. A origem da Festa de São João. Disponível em http://brasileiros.com.br/2011/07/a-origem-da-festa-de-sao-joao/. Acesso em 18 de junho de 2016.)
Diante de tais informações sobre a festa de São João vamos responder à pergunta inicial: “ É errado comemorar o São João?” Sim. Não convém comemorar festas juninas.
A primeira razão porque não comemoramos o São João é devido à sua origem. Como mencionado anteriormente, essa festa tem sua origem pagã. Os povos pagãos não reconheciam a providência como vinda de um único Deus, mas dos diversos deuses; em suas comemorações à fertilidade da terra e às grandes colheitas, havia a prostituição cultual (embora não esteja presente na festa de São João).
Todavia, você pode questionar: Por que realizamos a ceia, que era também uma comemoração pagã? A isso explicamos: A ceia que celebramos não está fundamentada na cultura pagã de ter comunhão com os deuses, mas na Festa da Páscoa, que fora estabelecida por Deus, comemorada e projetada por Jesus para agora simbolizar o sacrifício que Ele realizaria firmando um Nova Aliança com o seu povo.
Ainda, como também foi mencionado, é um período em que a Igreja Católica faz homenagem ao santo João Batista, assim como aos santos Antônio e Pedro. Essas homenagens são as chamadas 'festas juninas'.
Mas o Natal, a Páscoa também não são festas católicas que crentes em Cristo também comemoram?  Tanto a Páscoa quanto o nascimento de Cristo são festas que foram comemoradas antes de o termo católico ser identificado como temos hoje. Na verdade, a Igreja iniciou como uma igreja só e, como nos conta a História, somente séculos depois houve uma divisão mais precisa. Então, Páscoa, Natal, não são necessariamente festas católicas, são celebrações bíblicas.
Então não devemos celebrar nenhuma festa para agradecer a Deus pelas bênçãos materiais que temos recebido de sua mão providencial? Não necessariamente. Podemos sim, de forma bíblica e legítima, realizar cultos de gratidão a Deus por seus benefícios, tal como a Festa da Colheita que o povo de Israel, podendo ser celebrada em diferente momento das festas católicas aqui referidas.

A segunda razão porque não comemoramos o São João seria o formato mundano que ela adquiriu, como diz Deborah Giannini (jornalista e escritora): Ela nasceu pagã, foi incorporada às celebrações católicas, mas nunca deixou de ser mundana – pelo menos no Brasil.
    As festas juninas apesar de suas belas cores, são eventos culturais dirigidos por danças e festivais em que o estilo musical do forró predomina. Todos nós sabemos que o forró, além de ser uma dança sensual, está associado a outros elementos como bebida e promoção da promiscuidade.
    Os festejadores juninos certamente, não honram a João Batista em suas celebrações mundanas e, por vezes, cheias de perversão moral. Apenas reúnem-se para satisfazer os prazeres carnais.
    João Batista, nas informações que temos sobre ele, foi um homem de Deus, abnegado, decidido a honrar a Jesus sobretudo (João 3.30); foi morto por defender os princípios matrimoniais de Deus (Lucas 3.19-20).
    O que João Batista diria hoje aos festejadores seria o que ele disse à multidão que saiu para encontrá-lo no deserto da Judeia: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”.
Esta era a mensagem de João às pessoas; uma mensagem de mudança de vida, de não dependência de religião, mas de uma produção de frutos de arrependimento. João foi muito claro quando falou que estava preparando as pessoas para a chegada de Jesus que iria batizá-los com o Espírito Santo, salvando os arrependidos e com o Fogo, julgando os mundanos e confiantes religiosos (Mateus 3.1-12).
João Batista desafiou os fariseus a não confiarem em sua religiosidade (Lucas 3.8), mas a produzirem frutos dignos de arrependimento. Ele também desafiou o povo a repartir seus bens com o próximo: quem tivesse duas túnicas deveria dividir (Lucas 3.11). Também os publicanos deveriam cobrar somente o que lhes era devido (Lucas 3.13). E ainda, os soldados não deveriam maltratar ninguém, não denunciar falsamente e estarem satisfeitos com o seu ganho (Lucas 3.14).

"É errado comemorar o São João?" Sim, é errado, pois é uma festa pagã e em nenhum momento honra a pessoa e a pregação de João Batista: "Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos céus" (Mateus 3:2).
Francisco Soares Teixeira Júnior