domingo, 16 de agosto de 2020

Como a Morte Espiritual é evidenciada?

Ainda refletindo em Gênesis sobre a morte, observaremos agora as evidências na vida de Adão e Eva da morte espiritual causada pelo pecado.  

  Depois de convencida pela serpente, Eva comeu do fruto proibido e deu ao seu marido. Note o que imediatamente o ato do pecado da desobediência, gerando a morte, causou na vida deles. Olha o que diz Gênesis 3.7: “Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.”

O pecado ao entrar na vida de Adão e Eva os matou. Agora eles estão com outros olhos, olhos abertos ao pecado. Eles são outras pessoas, são estranhos, não conseguem mais se olharem nus. Aquele Adão não é mais o mesmo; Eva não consegue mais vê-lo sem constrangimento. Aquela Eva sumiu, com os novos olhos oferecidos pela morte, Adão precisa cobrir a sua nudez daquela estanha.

O interessante a se destacar é que isso não havia antes. Moisés enfatiza isso no final do capítulo 2.25, antes de iniciar o texto da queda: Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.  

O verbo envergonhar fala de um sentimento de culpa por ter feito algo de errado. Além disso, o verbo está num grau que traduz a ideia de reciprocidade. Isso significa que Adão não tinha vergonha de Eva e nem Eva de Adão por estarem nus, pois não havia nenhum sentimento de culpa, uma vez que a nudez em sim não era algo errado.  

O pecado matou a natureza pura e espiritual que havia em Adão e Eva. Uma natureza tão perfeita que eles poderiam conviver nus sem nenhuma vergonha. Agora, eles precisam de folhas para esconderem a vergonha que sentem por causa do pecado que não os permitem mais olhar a nudez do outro com os olhos da santidade.

Além disso, o pecado também matou aquele homem Adão, amigo de Deus. Foi criada uma inimizade no coração do homem para com Deus. No verso 8, temos um Adão fugitivo, escondendo-se como um criminoso: “Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. Gênesis 3:8”.

Ele não vê Deus mais como o seu Senhor bondoso que deu a ele um lar, um trabalho, uma bonita mulher, um propósito de vida. Agora, Deus é alguém de quem precisava se esconder. Aquela intimidade e companheirismo, aquelas conversas e orientações ficaram enterradas com o Adão que morreu. O que está vivo é um novo homem que tem Deus como alguém que deve se distanciar; que tem Deus como um ser amedrontador, e por isso, precisa se esconder.

  A resposta de Adão para Deus aponta para isso: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Gênesis 3:9,10.”

Notem outra evidência da morte espiritual de Adão, a auto justificação. Ele não diz claramente que comeu do fruto proibido, ele não se declara como culpado e clama o perdão de Deus. Ele apresenta a desculpa da nudez e do medo como sendo os motivos para se esconder de Deus.

Mas o Senhor o replica Gênesis 3.11: “Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” Adão já sabia que estava nu, e Deus pergunta o mesmo. A ideia por trás da pergunta de Deus baseada na definição do verbo fazer saber (relatar) é: quem te declarou que a nudez é vergonhosa? Quem te fez olhar para mais além na nudez? Quem te fez olhar mais exageradamente? Quer dizer, com outros olhos, de modo errado?

Adão não responde as duas perguntas de Deus, e temos mais uma evidência da sua morte espiritual: “Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Gênesis 3:12”. Agora a culpa é da mulher que o Senhor o havia dado. Adão coloca a culpa diretamente em Eva e de forma indireta em Deus. E quando confrontada pelo pecado, Eva coloca a culpa na serpente. Foi um jogo de auto justificação e transferência de culpas.

A morte espiritual acabou com o Adão amigo de Deus, ele agora é um outro ser tão morto no seu pecado, que além de não se apresentar como culpado, não é capaz de responder simples perguntas de Deus.

Deus perguntou: “onde está?” Adão respondeu estou nu, com medo, escondido. Deus não perguntou como ele estava, mas onde estava. Deus perguntou: “Quem te fez saber que estava nu?” Essa pergunta ele nem respondeu, e a outra também não. Deus perguntou: “Comeste da árvore?” Ele deveria ter respondido sim. Mas ele reponde: foi a mulher que me deu a comer”. Deus não está perguntando quem deu a ele, e sim se ele comeu. E quando pergunta a mulher o que ela havia feito não foi diferente: “fui enganada pela serpente”.   

A morte espiritual de Adão e Eva se demonstra na auto justificação do pecado e transferência da culpa.

sábado, 8 de agosto de 2020

O que causou a Morte Espiritual?

         Definimos morte espiritual como o final da existência do relacionamento entre Deus e o homem. Além disso, a morte colocou o homem em um caminho de sentido oposto ao de Deus, criando um estado de inimizade contínua e ofensiva da parte do homem para com o seu Criador.

Além de apresentar uma definição sobre a morte espiritual, a Bíblia nos diz a sua causa. O relato de Gênesis 3, na história de Adão e Eva, marca o início da morte na humanidade ocasionada pelo pecado.

Em Gênesis 1 e 2, no relato da criação divina, Deus criou todas as coisas e também o homem conforme a sua imagem e semelhança. No capítulo 2.17, o Senhor faz uma advertência a Adão sobre a possibilidade da entrada da morte na história humana. O texto de Gênesis 2.16-17 diz: “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Há uma tríplice advertência nesses versos. A primeira está na ordem de Deus. O versículo diz: “e ordenou o SENHOR Deus”. Era uma ordem que o homem deveria cumprir. Em segundo lugar, há a partícula negativa “não”, “não comerás”. E por último, a dupla advertência no final do verso 17, que nossas versões traduzem com o advérbio de afirmação, “certamente morrerás”, na gramática hebraica, há uma ênfase destacada pela repetição dos mesmos verbos, ficando: “morrendo morrerá”.

Esse mesmo conteúdo que foi dado a Adão foi transmitido e repetido por Eva diante do diálogo com a serpente: Gn 3.2-3 “Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.

Eva foi bem enfática no que diz respeito às ações que evitariam a entrada da morte. Ela disse: não comer, não tocar, para não morrer. Apesar da ordem de Deus está clara na mente de Eva, foi cedida pela ênfase da afirmação negativa da serpente, ao invés da ênfase positiva de Deus. Deus disse: “certamente morrerás”, o diabo colocou apenas um não: “É certo que não morrerás.

Com a desobediência de Adão e Eva, o pecado foi gerado, e consequentemente, a morte. O pecado trouxe o fim da existência daquele homem que perfeitamente se relacionava com Deus. O pecado fez nascer a morte espiritual provocando uma quebra de intimidade e um afastamento do homem de Deus.

Agora o homem morto espiritual, contaminado com o pecado, foi expulso do jardim onde desfrutava da presença santa de Deus, e além disso, também foi sentenciado à morte física.    

Deus os expulsou de sua santa presença, pois o homem agora conhece o mal pela experiência, e é portador do mal. Essa maldade seria não somente transmitida, mas ampliada na vida dos seus descendentes, causando-lhes também a morte espiritual.  Seres contaminados com a maldade e maldição do pecado, e por isso, distantes de Deus.  

A morte espiritual teve seu início na desobediência de Adão e Eva. Ao permitirem o pecado entrar em suas vidas, eles mataram o homem espiritual que Deus criou, dando vida a um novo homem, um homem morto criado pela morte.