sexta-feira, 25 de março de 2016

Os contextos da Páscoa




Durante todo o ano percebermos que existem várias datas comemorativas, tais como: o Ano Novo, Carnaval, Páscoa, Dias dos Pais e Mães, Corpus Cristos, Independência, Natal, etc. Das comemorações que são religiosas notamos que existem sempre outras figuras que tiram a atenção do verdadeiro significado delas, por exemplo: no Natal tem o Papai Noel que ofusca a encarnação de Cristo, e na Páscoa o Coelho que bota ovos de chocolate, apagando a morte e ressureição de Cristo.
Com o correr dos tempos muitas festas e tradições de diferentes povos acabaram se mesclando com a páscoa secular que atualmente conhecemos. Nas religiões orientais, na mitologia grega, nas tradições populares, o ovo sempre teve significado de principio de vida. O ovo aparentemente morto contém uma vida que surge repentinamente, acreditando-se por isto, que ele seja o símbolo da páscoa da ressurreição.
Outro fato é que depois da quaresma e da semana santa, comer ovos era um método conveniente e nutritivo para a preparação da páscoa. Embora haja divergência sobre os ovos da páscoa vindo do antigo Egito, como por exemplo, para alguns os ovos enfeitados era uma tradição começou na Idade Média. Séculos antes, porém, os chineses já costumavam colorir ovos que eram distribuídos aos amigos na Festa da Primavera, como lembrança da continua renovação da vida.
Para os historiadores, os missionários trouxeram o costume que acabou se transformando nos ovos confeitados. No século XVIII, a Igreja católica adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo. Assim foi aceito um costume originalmente pagão, e, pilhas de ovos coloridos começaram a ser benzidos antes da distribuição entre os fiéis.
As lendas e estórias sobre os coelhinhos apareceram por volta 1215 na Aláscia, França. Uma mistura de mitologia pagã, onde coelhos eram símbolos de fecundidade e abundância, com a tradição católica. O próprio sentido dos ovos como símbolo de vida se perdeu na história, mas até hoje os ovos de chocolates são vendidos sob a propaganda de um coelhinho.
Em nossos dias os ovos de chocolate e os coelhinhos de chocolate são os preferidos da meninada, porém é importante lembrarmos que estas coisas não possuem nenhuma relação com o sentido real da Páscoa. Também não são estes os elementos presentes na páscoa ou na ceia do Senhor e Jesus, mas sim, o pão e o vinho que simbolizam seu corpo e sangue.
Mas qual o significado verdadeiro da Páscoa? Será que é possível resgatar o sentido real da páscoa? Para isso precisamos voltar ao evento original da páscoa analisando os vários contextos em que ele se encontra.   
O primeiro passo é analisarmos o Contexto Histórico da primeira Páscoa. Esta história encontra-se no livro de Êxodo, capítulos de 1-11.
Iremos notar que a Páscoa surge dentro de um contexto de escravidão da nação de Israel para com o grande império do Egito. Para libertar o seu povo Deus levantou Moisés, homem que fora criado pela filha de Faraó.
No entanto, o faraó do Egito não queria libertar Israel, por conta disto, Deus começou a enviar pragas para manifestar julgamentos, e fazer-se conhecido na nação do Egito. O Senhor enviou nove pragas para a nação do Egito, e sempre a nação de Israel era poupada. Nove pragas não foram suficientes para faraó saber que o Senhor era Deus e deixar seu povo ir. Então Deus enviou a 10ª praga, a morte dos primogênitos.
O Senhor iria passar pelo meio do povo do Egito e ferir todos os primogênitos de homens como de animais. Haveria uma exceção para com o povo de Israel, mas para que fossem impunes a esta praga eles teriam que celebrar a Páscoa.
O segundo passo para entendermos o significado da páscoa é analisarmos o Contexto Lingüístico, isto é, o significado da palavra Páscoa. (pasah xs;Ûp')
A palavra páscoa significa passar por cima ou por alto. Várias passagens principalmente em Êxodo atestam isto: Ex. 12.13, quando eu vir o sangue passarei por vós; Ex. 12.23, passará o Senhor aquela porta; Ex. 12.27, é o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel; Is. 31.5, o Senhor dos Exércitos protegerá a Jerusalém, protegerá e a livrará, e, passando, a salvará. Páscoa no contexto bíblico significa a ação misericordiosa de Deus em proteger o seu povo de um poder destruidor.
O terceiro passo para entendermos o significado da páscoa é analisarmos o Contexto Imediato da passagem de Êxodo 12.
A Páscoa simboliza a salvação de Deus para a nação de Israel. A Páscoa seria realizada no mês de Abide(março a abril), pois era lua nova, uma ótima oportunidade para a saída da nação de Israel. No dia 10 do mês cada família teria que pegar um cordeiro, sem defeito, e no dia 14 do mês iria o imolar. O sangue deveria ser colocado nas portas das casas e o restante da carne do cordeiro deveria ser comido assado ao fogo. O que sobrasse deveria ser queimado. Eles deveriam comer e ficar preparados, pois era a Páscoa do Senhor. O cordeiro era a figura principal desta salvação. Quando a praga passasse e visse o sangue, o povo seria livre do juízo de Deus. (13)       
A Páscoa também simboliza o juízo de Deus para a nação do Egito. (12.12-14) Deus iria passar pela terra do Egito e ferir os seus primogênitos. É interessante notar que a palavra passar quando se refere a nação do Egito é uma (‘abar - rb:å[')(Passar, movimentar) e quando se refere a Israel é usado outra palavra, páscoa (pasah xs;Ûp').
Note também que acrescido ao verbo passar está o outro ferir  (nagap - @g:n"). A raiz deste verbo indica um golpe, em geral aplicado por Deus, fatal ou calamitoso. É usada também como peste ou praga se referindo as pragas que Deus mandou sobre o Egito. Deus iria julgá-lo por todos os seus deuses.
O quarto passo para entendermos o significado da páscoa é analisarmos o Contexto Remoto, isto é, de toda a Bíblia.
A páscoa era uma festa a que deveria ser celebrada todos os anos pelo povo de Israel. Devido a infidelidade do povo ela passou a não ser tão valorizada. Durante o reinado de Josias, foi-se achado o livro da Lei, ocorrendo assim uma grande renovação espiritual, e a festa da páscoa foi celebrada de uma maneira muito especial, como um modo de cumprir a Lei de Deus (2 Rs 23.21.22).
Jesus como um cumpridor da Lei de Deus também celebrou a páscoa (Mt 26.17-30). Na ocasião Jesus indicou que alguém iria traí-lo e também falou do seu sacrifício por nós fazendo a ceia do Senhor que é celebrada até hoje pela cristandade.
Deus estabeleceu que a nação de Israel celebrasse a Páscoa, pois seria um memorial do dia em que Deus salvou a nação de Israel e julgou a nação do Egito.
Como você vê a Páscoa? Como uma festa dos judeus. Algo que aconteceu no passado e não tem nada a ver com hoje. Como um comércio? Oportunidade para ganhar dinheiro. Nesta época as pessoas gostam de gastar. Chocolate. Tem até para crentes. Como um feriado? É um feriado como todos os outros que temos no ano. Como um momento em família? Oportunidade para reunião de família. Vamos juntar todos, já que nos outros dias do ano todos estão muito ocupados.
O que a páscoa significa para nós?
Isaias 53.7 diz que o Messias era como um cordeiro mudo levado ao matadouro. João Batista ao ver Jesus diz: Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O apóstolo Paulo diz que Jesus é o nosso cordeiro pascal.
A Páscoa para o crente deve significar a salvação por meio de Cristo, e a punição daqueles que não o aceitaram. O sangue do cordeiro livrou a nação de Israel do destruidor, o sangue de Cristo nos livra do inferno. Através Da morte de Jesus e do seu sangue somos libertos da condenação do inferno.
A páscoa para o crente é um momento de reflexão sobre o grande sacrifício feito em nosso favor, momento de agradecermos a Deus pela grande bênção da salvação dada por meio de Jesus Cristo, o nosso cordeiro pascal.

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