Grande
tem sido o espanto quando refletimos sobre o comportamento, nas últimas décadas,
das pessoas no contexto das redes sociais. Apesar de alguns a usarem de forma
digna, há, todavia, uma grande massa que tem utilizado deste fenômeno de
comunicação de forma absurda e escandalosa.
Para
alguns, as redes sociais se tornaram uma maneira de terem suas vozes ouvidas. Umberto
Eco*, escritor e filósofo italiano, falando sobre as mídias sociais, disse que elas
deram o direito de fala a pessoas comuns, que antes não tinham nenhuma
influência e que não causavam nenhum dano à sociedade.
Com
essa oportunidade, muitos têm sido hostis em suas publicações. Soltam os dedos
contra tudo aquilo que acham estar errado ou em desacordo com suas ideias. Teclam
sobre as desigualdades sociais, protestam contra crimes hediondos, desabafam
com os escândalos políticos, denunciam a decadência da saúde, etc. Querem
ter direto a fala da mesma forma que um ganhador do Prêmio Nobel tem, afirma Umberto.
Há
também um aspecto contrastante no uso das redes sociais. Apesar da
multiplicidade de meios de comunicação que elas proporcionam, nota-se lá no
fundo uma grande carência de relacionamentos interpessoais, de uma comunicação
mais próxima e íntima das pessoas.
Esse
desejo de ser ouvido, em certo sentido, mostra o quanto as pessoas ainda se
tornaram dependentes da comunicação virtual, em virtude de uma ausência de
pessoalidade. Notamos isso várias vezes através do conteúdo de suas postagens
como, por exemplo, alguém colocou no seu status “estou sem sono” ou “me
sentindo sozinho”. E vários outros exemplos que expressam um desejo de ter a
atenção de alguém.
Por
outro lado, essa impessoalidade da comunicação das redes sociais cria em seus
usuários um espírito corajoso e destemido, que na verdade poderíamos chamar de
um estilo covarde, igual a um jovem que termina o relacionamento afetivo com
sua namorada pelo telefone. O que observamos é que as pessoas se sentem mais à
vontade para falar aquilo que nunca teriam coragem de dizer pessoalmente.
Expressar sentimentos e emoções que jamais externariam face a face.
Umberto
ainda relatando sobre o direito de fala que as redes sociais deram as legiões, diz
que elas anteriormente agiam assim, somente após serem influenciadas pelo vinho.
Todos sabemos que os bêbados são “ricos e valentes”. Como o álcool, as redes sociais quebram as
barreiras da autocensura, que antes eram sustentadas pelo freio social. Nos
sentimos mais livres e corajosos para dizer o que quisermos a quem desejarmos. Demonstramos
ser quem de fato somos interiormente sem nenhuma reserva.
Depois
de discorrer de forma rápida sobre estes três aspectos que as redes sociais
apresentam, como um filho de Deus, gostaria de apresentar alguns conselhos pessoais
para não cairmos nesta falha no uso das redes sociais.
O
primeiro é: Apresente todo seu descontentamento mundial para Deus. Ele é o Justo
Juiz, e a seu tempo, exercerá a Sua reta justiça sobre todos os pecadores,
inclusive, você e eu. Ao invés de quebrar o mandamento de amar o próximo ou
mesmo o inimigo, com a maledicência, pratique o mandamento de orar uns pelos
outros conforme Tiago 5.16.
O
segundo é: Supra toda sua carência de vida em Deus. Deus é a fonte de águas
vivas que supre a necessidade espiritual humana (Jr 2.13). Nós devemos ser como
árvores plantadas junto a essa fonte (Sl 1.3). Deus é pleno, e deve ser
suficiente para suprir qualquer carência humana que tivermos. O salmista estava
com sua alma sedenta da presença de Deus, e por isso desejava adorá-lo no seu
Templo (Sl 42).
O
terceiro é: Vigie o seu enganoso coração. Nem tudo que há em nossos corações
deve ser externado, pelo contrário, repelido, trancado. Como o próprio Salomão
disse, precisamos guardar nossos corações, para que dele procedam sempre fontes
de vida (Pv 4.23).
O
fenômeno das redes sociais irá continuar e superar a cada dia a situação atual,
mas cabe a nós como filhos de Deus, usar de forma correta esta ferramenta para
o engrandecimento do reino de Deus, sem desonrar o Seu Glorioso Nome, sem escandalizar
nossos irmãos pelos quais Cristo morreu, e nem ofender aqueles que ainda estão
perdidos nas trevas de pecados.
*http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160220_frases_umberto_eco_rb
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